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Centro de Medicina do Sono da Lapa

Este centro possui uma equipa multidisciplinar, utilizando as mais recentes técnicas laboratoriais e equipamentos de vanguarda, faz o diagnóstico e tratamento das patologias do sono.

São várias as perturbações do sono que poderão ser abordadas neste Centro, desde sono insuficiente ou não reparador (insónias), sonolência diurna excessiva (hipersónias) ou comportamentos estranhos durante o sono ou alterações do ritmo sono-vigília (parassónias).

As patologias mais comuns são insónia, síndrome de apneia obstrutiva de sono, síndrome das pernas inquietas, movimentos periódicos do sono, sonambulismo, atraso de fase e narcolepsia.

Neste Centro, é possível realizar os mais variados exames fisiológicos, desde Eletroencefalograma, Registos poligráficos de sono noturno e Teste de latências múltiplas do sono.

Patologias mais comuns
Definição, Causas, Sintomas, Consequências e Tratamento

Insónia

O que é a Insónia?
A insónia pode definir-se como a sensação de sono noturno insuficiente, de má qualidade ou não reparador, que persiste durante um período superior a 1 mês.
É a perturbação do sono mais frequente, atingindo 30 a 40% da população geral.
A insónia crónica é mais frequente na mulher e a sua frequência aumenta com a idade.

Causas
A insónia geralmente resulta da interação de diversos factores: genéticos, físicos, mentais, psicológicos e sociais.
A insónia pode ser causada e/ou agravada por condições como: Depressão, Ansiedade, Fibromialgia, Dor Crónica, Doenças metabólicas e hormonais e pelo uso de determinados medicamentos ou substâncias como a cafeína, álcool ou drogas.
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono e a Síndrome das Pernas Inquietas podem também ser causa da insónia.
Em alguns casos a insónia pode ser primária, neste caso os doentes referem frequentemente dificuldades no sono desde a infância.
Na maioria dos casos a insónia é desencadeada por factores externos, como mudança de profissão, perda de um ente querido, conflitos familiares ou pessoais, entre outros.

Sintomas
Os principais sintomas são: dificuldade em adormecer, acordar durante a noite por longos períodos, acordar cedo demais, ou acordar de manhã com a sensação de não ter dormido.
Em quase todos os doentes com insónia existe, cansaço, sonolência diurna e dificuldades de atenção/concentração. Os lapsos de memória, a irritabilidade e as alterações do humor, geralmente ocorrem com o decorrer do tempo.
A insónia inicial é a mais frequente e facilmente identificável pelo aumento do tempo que o indivíduo demora para iniciar o sono.
A insónia intermédia, que consiste no aumento do número de despertares durante a noite, também é bastante frequente.
A insónia terminal é a menos frequente e caracteriza-se por um despertar precoce, ou seja o indivíduo acorda muito antes do horário normal e não consegue voltar adormecer.
A insónia crónica, não tratada, pode causar perturbações da memória , ansiedade, depressão, diminuição da capacidade de desempenho, abstenção laboral e aumento do risco de acidentes de trabalho e de viação.
Esta doença tem um impacto negativo tanto a nível profissional como a nível familiar, social e cultural.

Diagnóstico
O diagnóstico é efetuado, através da história clínica. Aspetos como a idade de início, fatores predisponentes e hábitos de vida devem ser especialmente avaliados.
A realização de polissonografia está indicada nos casos em que existe suspeita de outras perturbações do sono associadas à insónia e nos casos de insónia sem resposta ao tratamento.

Tratamento
O tratamento de todos os tipos de insónia tem como base a instituição de medidas simples de higiene do sono.
Caso esta perturbação do sono persista, o individuo deve procurar ajuda médica para a instituição de um tratamento específico, de acordo com a causa e gravidade dos sintomas.
O uso de medicamentos deve ser efetuado de forma planeada e cuidadosa porque muitas destas substâncias podem causar dependência e efeitos secundários indesejáveis, como sonolência diurna residual e dificuldades de atenção/concentração.
Para além do tratamento medicamentoso as técnicas cognitivo-comportamentais específicas podem ser eficazes no tratamento das insónias primárias e a na descontinuação do tratamento medicamentoso.

Roncopatia

O que é a Roncopatia?
A roncopatia ou ressonar,como vulgarmente conhecido, resulta de um som originado pela vibração do palato e das paredes da faringe.

Causas
Uma das principais causas da roncopatia resulta da associação de fatores anatómicos individuais, como a diminuição do calibre das vias aéreas superiores, associados a outros fatores como a obesidade, hábitos tabágicos, ingestão de bebidas alcoólicas ou de refeições abunidantes antes de dormir, que podem desencadear ou contribuir para o ressonar durante a noite.

Sintomas
• Despertar noturno frequente
• Sono não reparador
• Sonolência diurna
• Perturbações cognitivas: perturbações de memória, concentração e atenção
• Irritabilidade
• Fadiga
O individuo com roncopatia, mesmo sem apneia, apresenta também maior propensão a acidentes de viação e de trabalho, e ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Tratamento
O tratamento da roncopatia envolve a adoção de medidas clínicas como a abstenção do álcool e de alguns medicamentos miorelaxantes, evitar dormir de barriga para cima, e emagrecer.
A fisioterapia para fortalecimento da musculatura da garganta também pode ser útil.
Se existirem problemas do foro otorrinolaringológico que possam estar na origem da roncopatia como: desvios do septo nasal, deformidades ou pólipos nasais, hipertrofia das adenoídes e/ou amigdalas, alergias (rinites/rinossinusites) o doente deve ser observado por médico Otorrinolaringologista.
Em alguns casos pode estar indicado o uso de aparelhos intra-orais. Estes aparelhos são colocados antes de dormir permitem o avanço da mandíbula para frente facilitando a passagem do ar nas vias aéreas superiores e evita a queda da língua durante o sono. Nestes casos o tratamento deve ser efetuado por médico Estomatologista.

Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono

O que é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono?
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) consiste na ocorrência de pausas respiratórias (apneias) e/ou reduções do fluxo de ar inspirado (hipopneias) superior a cinco por hora de sono. Estas são devidas a um colapso total ou parcial, da via respiratória, ao nivel da das vias aéreas inferiores.

A SAOS é uma doença multifatorial causada pela interação de diversos fatores: anatómicos (estrutura das vias aéreas) e hipotonia da musculatura da garganta durante o sono.

Sintomas
Na maioria dos casos a maioria dos casos são conduzidos ao especialista pelo cônjuge ou por pessoas que convivem com ele e se percebem da existência de paragens respiratórias durante o sono doentes com apneia do sono.
Sinais e sintomas:
• Roncopatia (ressonar)
• Sonolência diurna excessiva
• Sono não reparador
• Cansaço matinal
• Paragens respiratórias durante o sono, presenciadas pelo conjuge ou outros familiares.
• Nictúria, ou seja, o doente desperta várias vezes durante a noite para urinar, sem que exista problemas urológicos.
• Perturbações da memória, atenção e concentração
• Irritabilidade
• Cefaleias matinais

Consequências
A apneia obstrutiva do sono causa problemas de saúde a vários niveis:
• Aumento do risco de acidentes de viação e de trabalho; vários estudos demonstram que o número de acidentes de viação é de cerca de 2 a 3 vezes superior nestes doentes.
• É um factor de risco para o desenvolvimento de Hipertensão Arterial, apesar de não existirem outros factores de risco vascular.
• As arritmias cardíacas que ocorrem exclusivamente durante o sono são comuns nos doentes com SAOS.
• Aumenta o risco do Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) e do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Alguns estudos demonstram um risco 3 a 5 vezes maior destas doenças em doentes com SAOS.
• Os doentes com SAOS, referem frequentemente alterações da memória, dificuldades de concentração e de atenção.

Diagnóstico
A polissonografia é o exame de excelência para o diagnóstico da SAOS.
• Confirma a suspeita clínica de SAOS
• Deteta a existência de outros problemas associados (por exemplo, a presença de movimentos periódicos dos membros).
• Objectiva o índice de apneia (número de apneias/hora de sono).
• Objectiva a dessaturação da oxi-hemoglobina (redução do oxigénio no sangue durante a apneia).
• Determina a frequência dos despertares durante a noite
• Avalia as percentagens das fases do sono
• Avalia o eletrocardiograma durante o sono
• Avalia a roncopatia (frequência e intensidade)
• Avalia a posição corporal em que os episodios de apneia ocorrem com maior frequência.

Tratamento
O tratamento da SAOS deve ser planeado, de acordo com o índice de apneia e com as particularidades de cada doente.
O tratamento da SAOS envolve a adoção de medidas gerais, o uso de dispositivos ou aparelhos que visam facilitar a passagem do ar pela via aérea, os dispositivos intra-orais e o tratamento cirúrgico do foro otorrinolaringológico.
Medidas gerais:
• Suspender o consumo de álcool, tabaco e de medicamenos sedativos (sob orientação médica).
• Evitar dormir na posição em que provoca ou agrava a apneia.
• Emagrecer
Aparelhos de pressão positiva para a via aérea superior (CPAP e BIPAP)
Na apneia do sono moderada ou grave, o mais recomendado, é o tratamento com CPAP.
O CPAP é um pequeno aparelho com um tubo flexível, que se conecta a uma máscara nasal, oro-nasal ou facial, que se ajusta à face com umas tiras elásticas.
Este aparelho gera um fluxo de ar contínuo, aplicando uma pressão positiva sobre os tecidos da orofaringe, impedindo o colapso.
A escolha do modelo da máscara é um dos aspetos fundamentais para uma boa adaptação ao aparelho de CPAP, assim como a utilização do nível de pressão adequada. Estes parâmetros são determinados durante o segundo exame de Polissonografia para titulação da pressão do CPAP..
O tratamento com CPAP está indicado nos casos de SAOS moderado e grave.
Em cada doente é necessário determinar o nível de pressão adequado para resolver a apneia/hipopneia do sono.
Existe também o CPAP automático (Auto-CPAP), aparelho este que contém sensores que reconhecem o fluxo e corrigem a pressão automaticamente durante a noite.

Dispositivo intraoral
O dispositivo intraoral está indicado principalmente nos doentes com SAOS ligeiro ou com apneias exclusivamente quando dormem em decúbito dorsal. Este dispositivo é um aparelho ortodôntico utilizado exclusivamente durante o sono, de modo a posicionar a mandíbula para a frente, possibilitando a livre passagem do ar pela orofaringe.

As principais limitações são:
• Doentes com poucas peças dentárias, ou com próteses dentárias extensas e problemas periodontais graves e sem controle.
• Disfunção da ATM (articulação temporo-mandibular), com dôr ou estalidos no local.
• SAOS grave.
• Apneias centrais
Tratamento cirúrgico
Se existirem problemas do foro otorrinolaringológico responsáveis pela origem ou pelo agravamento da apneia, o doente deve ser avaliado por Otorrinolaringologia

A cirurgia de vias aéreas é especialmente indicada em doentes com hipertrofia das amígdalas ou adenóides, e como tratamento adjuvante em doentes com obstrução nasal crónica associada a desvio de septo nasal ou aumento das conchas nasais.
Existe ainda a possibilidade de cirurgia ortognática (cirurgia dos ossos da face) que, por tratar-se de um procedimento complexo e com resultados variáveis, usualmente não está indicada como primeira opção de tratamento.
A resposta ao tratamento cirúrgico ou ao dispositivo intraoral, deve ser avaliada regularmente através da polissonografia, para garantir o controlo adequado das apneias.

Exercícios de fortalecimento da musculatura da orofaringe
Além das modalidades de tratamento referidas, o fortalecimento da musculatura da faringe, através de tratamento com terapeutas da fala, denominada terapia miofuncional, pode ser utilizado em casos de SAOS ligeiro, ou como tratamento adjuvante da cirurgia ou do dispositivo intraoral.

Síndrome das Pernas Inquietas

O que é a síndrome das pernas inquietas ?
A Síndrome das Pernas Inquietas é uma perturbação neurológica caracterizada por uma necessidade irresistível ao movimento, associada a sensações desagradáveis nas pernas , agravada no período noturno e durante o repouso, que alivia com o movimento

Sintomas
Urgência irresistível para movimentar as pernas, geralmente associada a uma sensação desagradável.
Urgência ou desconforto nas pernas começa ou agrava na posição de repouso, sentado ou deitado
Alívio parcial ou total da urgência ou desconforto nas pernas com a atividade física.
Estes sintomas ocorrem com mais frequência à noite, antes de dormir ou durante o sono.
Os sintomas podem começar na infância, mas agravam-se com a idade; são mais frequentes em mulheres grávidas e em indivíduos com mais de 50 anos.
Devido a fatores genéticos podem existirem vários casos numa mesma família.

Causas
A SPI é causada pela redução de um neurotransmissor específico (dopamina).
Em alguns casos, a SPI pode estar associada a deficiência de ferro, a diabetes, a insuficiência renal crónica, a gravidez, a alcoolismo e a doença de Parkinson, entre outras.
Alguns medicamentos (antidepressivos, anti-histamínicos, antieméticos e antagonistas da dopamina podem agravar os sintomas.
Em casos de diagnóstico clínico duvidoso é necessário efetuar uma polissonografia.

Tratamento
O tratamento consiste em medidas gerais e na utilização de medicamentos.
Medidas gerais:
Evitar privação do sono, atividade física regular, suspender a ingestão de substâncias estimulantes como a cafeína, chá preto e chocolate e de substancias depressoras como o álcool.
O tratamento médico, consiste em repor possíveis deficiências de ferro ou vitaminas e controlar as doenças associadas como a diabetes, a insuficiência renal e a doença de Parkinson.
Atualmente existem várias opções de tratamento. Na maioria dos casos a resposta ao tratamento é satisfatória, com alívio importante dos sintomas e melhoria da qualidade do sono.

Narcolepsia

O que é a narcolepsia?
A narcolepsia é uma doença neurológica caracterizada por ataques de sono irresistíveis, episódios de” fraqueza muscular” (cataplexia), paralisia do sono e alucinações que ocorrem ao adormecer ou ao despertar.

Causas
A narcolepsia é causada por uma redução de neurónios, situados no hipotálamo, responsável pela produção de um neurotransmissor específico (hipocretina). A hipocretina é uma substância que atua como estimulante em diversas áreas do cérebro, e na sua ausência, ocorre um estado de sonolência excessiva. O doente com narcolepsia pela sonolência diurna incapacitante apresenta comprometimentos a vários níveis: profissional, familiar e social.

Sintomas
Sonolência diurna excessiva
Ataques irresistíveis de sono (sobretudo em circunstâncias monótonas).

Cataplexia
A cataplexia é caracterizada por uma "fraqueza muscular" que pode atingir todo o corpo provocando quedas, ou apenas uma parte do corpo, podendo ocasionar um movimento de "dobrar os joelhos" ou apenas um leve movimento de pender a cabeça para um dos lados, que dura alguns segundos a minutos. Estes episódios podem ser desencadeados por fatores emocionais como riso, choro, medo ou susto.
É o único sintoma específico da narcolepsia, mas pode não estar presente em todos os casos.

Outros sintomas:
- Alucinações: que ocorrem ao adormecer, ou mais frequentemente durante o despertar. Elas podem ou não estar associadas à paralisia do sono, e com frequência são visuais, com visão de vultos, animais, pessoas, objetos, entre outros.
- Paralisia do sono: caracterizada pela incapacidade da pessoa se movimentar ou falar, que ocorre logo após o despertar. Acompanha-se geralmente de uma sensação de ansiedade angustiante, pois trata-se de um evento muito assustador para o paciente. A paralisia dura geralmente segundos ou poucos minutos e termina de modo espontâneo.

Diagnóstico
O diagnóstico deve ser confirmado através da Polissonografia e do Teste de Latências Múltiplas do sono; este último mede o tempo que o doente leva a adormecer e a facilidade para atingir uma das etapas de sono conhecida como sono REM. O teste é sugestivo de narcolepsia quando o doente demora em média menos de 8 minutos para adormecer e atinge o sono REM, em pelo menos dois dos cinco testes.
O doseamento da hipocretina no líquido cefalorraquidiano e os testes genéticos também podem auxiliar no diagnóstico em alguns casos selecionados.

Tratamento
O tratamento da narcolepsia inclui o uso de algumas substâncias para melhorar a sonolência diurna excessiva e a cataplexia e algumas medidas não medicamentosas como as sestas programadas durante o dia.

Regras de Higiene do sono

É imprescindível manter hábitos de sono saudáveis para termos um padrão de vigília e sono adequado. Os conselhos abaixo indicados são indicações para promover uma melhor qualidade do sono.

Regras de higiene do sono:
• O quarto de dormir deve ser confortável, silencioso e escuro
• O quarto de dormir não deve ser utilizado para trabalhar, estudar ou comer.
• O calor e frio excessivo perturbam o sono, portanto o quarto deve manter uma temperatura amena.
• Procurar encontrar a posição mais adequada para dormir. Por exemplo nos doentes com apneia do sono deve-se evitar a posição corporal em que surge ou agrava a apneia.
• Manter hábitos regulares de deitar e levantar, inclusive ao fim-de-semana.
• Evitar atividades na cama que não sejam dormir, como ver TV, ouvir rádio ou usar o computador.
• Evitar sestas durante o dia.
• Evitar manter-se acordado e deitado por muito tempo. Se não conseguir dormir é preferível levantar-se e sair do quarto até voltar a ter sono.
• Manter o peso corporal estável e adequado. Sabe-se que o aumento do peso corporal está diretamente associado à gravidade e frequência da roncopatia e da apneia do sono.
• Evitar refeições abundantes ou ricas em gorduras antes de dormir.
• Evitar o uso de estimulantes como café, chá preto, chocolate ou qualquer outra bebida estimulante, no mínimo 6 horas antes de dormir.
• Suspender ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas no mínimo 6 horas antes de dormir.
• Praticar exercícios físicos regulares, preferencialmente 4 a 6 horas antes de deitar.
• Não fumar antes de dormir.
• Suspender o uso de medicamentos como benzodiazepinas, barbitúricos e narcóticos sob orientação médica.
• Procurar relaxar física e mentalmente pelo menos 90 minutos antes de dormir.

Perturbações do sono na criança

São várias as condições agudas ou crónicas, transitórias ou permanentes que podem alterar o sono da criança.
Algumas condições são manifestações fisiológicas normais relacionadas ao processo de maturação do sistema nervoso central da criança.
As condições normais devem ser diferenciadas das condições patológicas que atingem esta faixa etária e que, se não forem tratadas, podem prejudicar o desenvolvimento normal da criança.

Causas
São inúmeras as circunstâncias que podem causar perturbações do sono na criança.
As três condições mais frequentes são a Síndrome de Apnéia Obstrutiva do Sono, as Parassonias e a Epilepsia.

Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono
Na crianças as caracteristicas da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono são um pouco diferentes daquelas que ocorrem no adulto. O pico da incidência situa-se entre os 3 e os 6 anos de idade, e é frequentemente provocada pela hipertrofia das adenoídes e/ou amigadalas.
Os sintomas noturnos mais frequentes são: roncopatia, paragens respiratórias (apneias), sono agitado e sudorese profusa.
Os sintomas diurnos incluem obstrução nasal, respiração pela boca, perturbações do comportamento (hiperatividade, agitação, falta de atenção), dificuldade de aprendizagem e sonolência diurna excessiva. Esta patologia deverá ser reconhecida e tratada, pois pode trazer consequências graves no desenvolvimento da criança, como alterações craniofaciais e dificuldades de aprendizagem, entre outras.

Parassónias
As parassónias são perturbações normalmente benignas, associadas ao crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central, que tendem a desaparecer com o passar da idade. Parecem ser causadas por um despertar noturno incompleto e ocorrem durante o sono NREM (frequentemente no estadio 3) e no sono REM.
As parassonias manifestam-se normalmente por um sono agitado, pesadelos, terrores noturnos, falar ou levantar-se e caminhar durante o sono .

Tipos
• Despertar confusional
• Sonambulismo
• Sonilóquio (falar enquanto dorme)
• Terrores noturnos

Epilepsia
A epilepsia pode constituir uma causa de perturbação do sono nesta faixa etária.
Entre 20 a 40% das crises epilépticas da criança ocorrem durante o sono, podendo levar à fragmentação do sono e a sonolência excessiva durante o dia.
Os sintomas nem sempre são fáceis de reconhecer,por exemplo, na epilepsia rolândica, frequente em crianças de idade escolar, as crises ocorrem frequentemente durante o sono. Estas crises podem envolver a face e os membros superiores e, muitas vezes não são notadas pelos familiares.
É uma doença neurológica, que necessita ser reconhecida e tratada pois pode provocar perturbações no desenvolvimento da criança.
As crises epilépticas noturnas podem manifestar-se por convulsões generalizadas ou apenas por movimentos rítmicos de grupos musculares isolados (por exemplo: face e membros).
As crianças com crises epilépticas durante o sono, apresentam um sono fragmentado, sonolência diurna, dificuldades de aprendizagem, de atenção/concentração e irritabilidade.

Diagnóstico
O diagnóstico das perturbações do sono na criança é efetuado através da análise conjunta da história clínica, exame físico e polissonografia (quando necessária).
Alguns casos podem precisar da avaliação otorrinolaringológica, exames laboratoriais e outros exames neurofisiológicos como o Eletroencefalograma.

Tratamento
Algumas patologias como a maioria das Parassónias são benignas e com o tempo resolvem-se espontaneamente
A Síndrome de Apneia Obstrutiva do sono necessita frequentemente de uma avaliação por Otorrinolaringologia, para identificação da causa e de tratamento específico ( em alguns casos cirúrgico).
As crises epilépticas são tratadas com medicamentos antiepilépticos.

Perturbações do sono na gravidez

É muito frequente a grávida referir perturbações do sono ao longo da gravidez.
No início da gravidez, é comum a mulher sentir-se mais sonolenta durante o dia, pelo aumento do nível de progesterona no organismo. No segundo trimestre, as hormonas estabilizam e o mais frequente é não existirem queixas em relação à quantidade/qualidade do sono. Nos últimos três meses de gravidez as queixas, das perturbações do sono são mais frequentes, devido ao crescimento da barriga, que não permite encontrar uma posição confortável para dormir. Existem ainda outros fatores, como o crescimento do uterino, que comprime a bexiga e faz com que a grávida acorde várias vezes por noite, para urinar.
Os movimentos do bebé e as dores nas costas (principalmente na região lombar), também são motivos de perturbações do sono frequentes.

Conselhos
Para melhorar a qualidade do sono, a grávida deve:
- Evitar a ingestão de liquidos duas horas antes de dormir;
- Evitar comer e deitar-se em seguida;
- Praticar exercícios fisicos moderados e orientados para grávidas;
- Tomar um banho morno ao anoitecer para relaxar;
- Diminuir o ritmo das atividades diárias no início da noite e tentar dormir, pelo menos, oito horas;
- Ao deitar-se preferir o decúbito lateral esquerdo (esta posição facilita a circulação sanguinea entre a mãe e o feto);
- Deitar-se com a barriga voltada para fora da cama. Nesta posição, ao levantar-se, colocará, primeiramente, as pernas para fora do leito, evitando esforço desnecessário das costas,- Colocar almofadas entre as pernas, à altura dos joelhos, para impedir o desalinhamento da coluna e compensar a pressão exercida pela barriga;
- Colocar uma almofada sob a barriga para proporcionar um apoio e manter as costas alinhadas.

Perturbações do sono no idoso

A insónia e outras dificuldades do sono são queixas frequentes do idoso.
O padrão do sono normal do idoso é diferente do padrão do sono do adulto ou da criança. O idoso demora mais tempo para adormecer, o sono é mais ”leve” e interrompido.
O tempo total do sono do idoso raramente ultrapassa 6 ou 7 horas por noite.

Conselhos
Para melhorar a qualidade do sono, o idoso deve:
• Sentir-se confortável na cama, sem medo, insegurança ou falta de companhia no quarto.
• Ter o quarto com uma temperatura adequada e com pouca luminosidade.
• Usar a cama apenas para dormir. Não ver televisão ou ouvir rádio na cama.
• Praticar exercício físico moderado e ocupar os tempos livres com atividades de lazer.
• Evitar as sestas durante o dia.
• Evitar bebidas estimulantes ao final da tarde ou à noite, como café, chá, refrigerantes.
• Evitar o uso de calmantes ou sedativos (sob o efeito destes medicamentos os idosos podem sofrer quedas desastrosas, quando se levantam durante a noite).
• Procurar a ajuda de um médico, se a insónia se mantiver por longos períodos. A depressão, frequente no idoso, pode ser causa de insónia, e neste caso o tratamento médico adequado é fundamental.

Obesidade e perturbações do sono

A diminuição do tempo de sono tornou-se um hábito comum na sociedade atual e, curiosamente, em todos os países a obesidade tem aumentado de uma forma quase exponencial, sugerindo uma associação entre ambos. Hoje em dia sabe-se que as perturbações do sono influênciam o equilíbrio nutricional e metabólico e vários estudos têm demonstrado que a privação do sono está associada a maior prevalência de obesidade, dislipidemias e diabetes.

A privação de sono altera o padrão hormonal que controla a fome e a saciedade, provocando um desregulação, com aumento do apetite e preferência por alimentos com alto teor calórico.

O excesso de peso provoca acumulação de gordura na região do pescoço, levando a um estreitamento das vias aéreas e, desta forma, aumentando o risco de roncopatia e apneia obstrutiva do sono.

O diagnóstico é efetuado com base nas queixas do doente, e muitas vezes nas queixas referidas pelo conjuge. O melhor exame para diagnóstico de ambas as condições é a polissonografia, que permite avaliação dos parâmetros cardio-respiratórios e o estadiamento do sono.

Principais exames neurofisiológicos realizados

A Neurofisiologia Clínica é uma subespecialidade da neurologia que se dedica ao estudo do funcionamento do sistema nervoso, através do recurso a exames complementares de diagnóstico (registos de atividades bioelétricas) com vista ao estabelecimento de um diagnóstico preciso e localizador.

EXAMES NEUROFISIOLÓGICOS

ELETROENCEFALOGRAMA (EEG)
É um exame neurofisiológico, que permite registar a atividade elétrica cerebral, através de colocação de elétrodos no couro cabeludo de forma não invasiva. É efetuado em equipamento digital, o que permite o processamento dos sinais adquiridos com análise espectral, mapas de frequência e amplitude.

Este exame pode ter vários tipos, desde EEG rotina (incluí prova de hiperventilação e ELI), EEG com sono diurno, EEG pediátrico e Monitorização Vídeo-EEG.

O EEG pode ser efetuado o com o paciente vígil (acordado) ou a dormir, indicação que deverá ser dada pelo seu médico. A privação do sono é o melhor método para realização do eletroencefalograma pois, permite o registo espontâneo do sono sem interferência de medicação sedativa e com maior probabilidade de detecção de alterações do traçado, sobretudo em pacientes portadores de determinados tipos de epilepsia.
Quando pedido EEG com sono, o doente deve deitar-se mais tarde na véspera do exame e acordar mais cedo no dia do exame, a fim de se obter o registo de sono durante o mesmo. O EEG está indicado em casos de como exame auxiliar de diagnóstico nas epilepsias (criança e adulto)
O EEG é indispensável: em epilepsia, para o diagnóstico e para localização da área epileptogénea (isolado ou associado a outros métodos mais aperfeiçoados de EEG); na polissonografia, para diagnóstico de perturbações do sono; em casos de infeções do sistema nervoso central, como as encefalites e alterações súbitas ou insidiosas do estado de consciência, entre outras.

Para o exame de eletroencefalograma o paciente deve:
- Lavar a cabeça com shampoo neutro (sem usar creme, condicionador ou gel)
- Não deverá vir em jejum
- Não ingerir café nem bebidas alcoólicas no dia do exame.
- Nas crianças recomenda-se a privação do sono (com o auxílio dos pais, a criança deve dormir menos do que deveria na noite anterior ao exame, para facilitar o aparecimento do sono durante o exame).

REGISTOS POLIGRÁFICOS DE SONO NOTURNO (POLISSONOGRAFIAS)
O Registo poligráfico de sono noturno ou polissonografia é o principal exame complementar de diagnóstico para a maioria das perturbações do sono.
Está indicada nos casos de suspeita de distúrbios respiratórios do sono (síndroma da apneia obstrutiva do sono), síndrome das pernas inquietas, algumas insónias, parassónias e narcolepsia entre os mais frequentes.

- Registo Poligráfico de Sono Tipo I (Vídeopolissonografia)
A polissonografia convencional ou vídeopolissonografia é um registo de sono noturno, que avalia o padrão de sono através de diversas variáveis: atividade elétrica cerebral (eletroencefalograma), movimentos oculares (eletrooculograma), atividade muscular (eletromiograma tibial e mentoniana), monitorização respiratória (fluxo oral e nasal e esforço respiratório), monitorização cardíaca (eletrocardiograma), oximetria (saturação de oxigénio), roncopatia e posição corporal.
É um exame realizado no hospital, sob supervisão técnica durante a noite.
No Hospital da Lapa, os pacientes são acomodados em quarto individual com ar condicionado e quarto de banho privativo.

Para o exame, Polissonografia convencional, o doente deve:
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Trazer roupa confortável para dormir (pijama ou roupa utilizada normalmente para dormir).
- Trazer travesseiro (se preferir) e objetos de uso pessoal.
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- Evitar no dia do exame tomar café, ou bebidas cafeinadas.
- No caso das crianças os pais/acompanhantes deverão trazer alimentos e fraldas e objetos de uso pessoal.

- Registo Poligráfico de Sono Tipo II (Polissonografia Ambulatória)
A Polissonografia Ambulatória é também um registo do sono, realizado como o próprio nome diz no ambulatório, ou seja em casa do paciente, através de um equipamento portátil.
Trata-se de um exame, que permite a avaliação de diversos parâmetros: atividade cerebral durante o sono, avaliação da função cardiorrespiratória e deteção de movimentos anormais. Está indicada para pacientes com suspeita de Síndrome da Apneia do Sono, Roncopatia, Síndrome das Pernas Inquietas, Movimentos Periódicos do Sono, entre as mais frequentes.

Para o exame, Polissonografia ambulatória, o paciente deve:
Para a polissonografia ambulatória, além das recomendações para a polissonografia convencional é necessário ter em conta que o paciente irá sair do Hospital da Lapa com o aparelho “colocado” e terá que devolvê-lo na manhã do dia seguinte.
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- Evitar no dia do exame café, ou bebidas cafeinadas.
- O paciente deverá vestir uma roupa confortável e trazer uma t-shirt ou camisola (a qual utilizará para dormir) para se poder efectuar a colocação definitiva de eléctrodos e do aparelho.
- Ter em casa, para retirar os eléctrodos, um pouco de acetona. Será depois explicado pelo técnico como proceder à remoção do aparelho.
- Terá que devolver o aparelho no dia seguinte no Hospital da Lapa, na manhã do dia seguinte, salvo indicação do técnico.

- Titulação (Ajuste de Pressão) CPAP e BIPAP
Consiste na monitorização do sono para iniciação ou acompanhamento do tratamento com CPAP ou BiPAP, com vista à determinação dos vários parâmetros de tratamento, tais como escolha da máscara mais adequada e do nível de pressão a ser utilizado.
Está indicada em casos de Síndrome da Apneia do Sono, com necessidade de CPAP ou BiPAP e de outras perturbações respiratórias durante sono.
Durante o exame é efetuada monitorização polissonográfica com ajuste progressivo da pressão inspiratória no caso do CPAP e das pressões inspiratória e expiratória no caso do BIPAP.

Para este exame é recomendável que o paciente traga consigo o seu próprio aparelho e máscara (prescritos ou já em uso), e objetos de uso pessoal.

Para o exame, Polissonografia aferição de CPAP/BiPAP, o paciente deve:
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Trazer roupa confortável para dormir (pijama ou roupa utilizada normalmente para dormir).
- Trazer aparelho de CPAP/BIPAP e máscara utilizada.
- Trazer travesseiro (se preferir) e objetos de uso pessoal.
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- Evitar no dia do exame café, ou bebidas cafeinadas.
- No caso das crianças os pais/acompanhantes deverão trazer alimentos e fraldas e objetos de uso pessoal.

Teste de Latências Múltiplas do Sono
O Teste de Latências Múltiplas do Sono é um exame complementar de diagnóstico, realizado obrigatoriamente no Hospital, durante o dia, sob supervisão técnica permanente.
Trata-se de um exame realizado, no dia subsequente à realização da Polissonografia noturna e consiste na realização de quatro a cinco períodos de sono (sestas) durante o dia, com intervalos de duas horas. Cada um dos testes tem a duração de 20 minutos, ao fim da qual o doente é acordado, mantendo-se acordado, até ao teste seguinte.

Este exame permite avaliar a propensão para adormecer durante o dia, sendo por isso um exame imprescindível para o diagnóstico de doenças que se associam a sonolência diurna excessiva como por exemplo a narcolepsia.

Para o exame, Teste de Latências Múltiplas do Sono o paciente deve:
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Trazer roupa confortável para dormir (tipo fato de treino), pois passará o dia no Hospital com os eléctrodos colocados.
- Trazer travesseiro (se preferir) e objetos de uso pessoal (revistas, MP3, computador, etc.).
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- É expressamente proibido, no dia do exame, o paciente ingerir café, ou outro tipo de bebidas cafeinadas.
- No caso das crianças os pais/acompanhantes deverão trazer alimentos e fraldas e objetos de uso pessoal.

- Split night
No exame denominado de split-night, ou “noite-partida” a polissonografia é efetuada em duas partes distintas:
A primeira parte do exame, para confirmação do diagnóstico e a segunda parte com colocação de CPAP, para estabelecer a pressão ideal para tratamento.

Para o exame, Polissonografia Split-Night, o paciente deve:
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Trazer roupa confortável para dormir (pijama ou roupa utilizada normalmente para dormir).
- Trazer travesseiro (se preferir) e objetos de uso pessoal.
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- Evitar no dia do exame café, ou bebidas cafeinadas.
- No caso das crianças os pais/acompanhantes deverão trazer alimentos e fraldas.

- Registo cardiorrespiratório noturno
É um exame que permite avaliar a função respiratória durante o sono, realizado no domicílio do doente.
Está indicada em doentes com quadro clínico muito sugestivo de síndrome apneia obstrutiva do sono.

Para o exame, Avaliação cardiorrespiratória ambulatória, o paciente deve:
- Lavar a cabeça com champô, como normalmente, não utilizar laca ou gel após a lavagem.
- Manter uso dos medicamentos habituais (a suspensão deverá ser efetuada apenas se houver indicação médica).
- Evitar no dia do exame café, ou bebidas cafeinadas.
- O paciente deverá vestir uma roupa confortável e trazer uma t-shirt ou camisola (a qual utilizará para dormir) para se poder efectuar a colocação definitiva de eléctrodos e do aparelho.
- Terá que devolver o aparelho na manhã do dia seguinte no Hospital da Lapa.

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